quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Amazônia de espécies hiperdominantes

Pesquisadores estimam que os 6 milhões de quilômetros quadrados da floresta Amazônica chegam a ter 390 bilhões de árvores. (Foto: Reuters)
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Estudo mostra o que é a chamada Hiperdominância na Floresta Amazônica, onde, entre as 16 mil espécies registradas, há hiperdominância de apenas 227.

Um artigo publicado na Revista Science em outubro levou os olhos do mundo para a Floresta Amazônica. Através de anos de estudos de mais de 120 pesquisadores, foram publicadas as quantidades de indivíduos e a variabilidade de espécies de árvores da região.

O artigo, intitulado "Hyperdominance in the Amazonian Tree Flora” (Hiperdominância na Floresta Amazônica), estima que os 6 milhões de quilômetros quadrados da floresta chegam a ter 390 bilhões de árvores, em termos de quantidade de indivíduos de espécies variadas. Há aproximadamente 16 mil espécies diferentes, mas, desse total, 227 espécies são dominantes. Entre as espécies mais encontradas estão o açaí-do-amazonas, o matamatá-branco e diferentes espécies de palmeiras.

O estudo levanta diversas questões que ainda serão largamente pesquisadas, como a razão e as consequências dessa dominância. É possível que sejam espécies mais adaptadas e resistentes a pragas e doenças, por exemplo. Conhecer a fundo a diversidade de espécies amazônicas é fundamental para maiores programas de conservação. O pesquisador brasileiro Rafael de Paiva Salomão, do Museu Paraense Emílio Goeldi, participou do estudo e confirma: "Como ficou comprovado, existem cerca de 5.800 espécies cujas respectivas populações são inferiores a mil árvores para todos os seis milhões de km² de abrangência do bioma Amazônia. Encontrá-las é mais difícil do que achar uma agulha em palheiro. Muitas dessas espécies serão perdidas sem antes serem pelo menos descritas pela Ciência. Um melhor planejamento da localização das unidades de conservação pode pelo menos atenuar essas perdas".

Salomão afirma que foram várias dificuldades, dentre elas fazer a validação dos nomes científicos das espécies arbóreas, incluindo as palmeiras e, acima de tudo, conseguir a união e a confiança de 120 pesquisadores sob a liderança de Hans ter Steege. "Um pesquisador de muita competência e que inspira muita confiança em seus pares", completa.

Ao ser perguntado sobre os próximos passos, Salomão conta: "Encaminhamos em 01/11 um projeto de pesquisa para o Programa Ciência Sem Fronteira cujo objetivo é termos Hans ter Steege como Pesquisador Visitante Estrangeiro no Museu Emílio Goeldi, um dos institutos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, na Amazônia, por um período de três anos para desenvolvermos, em parceria, o projeto Código de Barras para as espécies de árvores da Amazônia".

É possível concluir o tamanho da importância do estudo para maior conhecimento e conservação da Amazônia. Foram anos de trabalho em equipe com profissionais de diversos locais do mundo, e o Brasil esteve muito bem representado entre esses talentosos e persistentes pesquisadores.

Entendendo brevemente a Floresta Amazônica

Em seus 6 milhões de quilômetros quadrados, a Amazônia estende-se por nove países da América do Sul, sendo mais de 60% em território brasileiro. No Brasil, abrange os Estados do Acre, do Amapá, do Amazonas, do Mato Grosso, do Pará, de Rondônia, de Roraima e de Tocantins, e parte do Estado do Maranhão. É a chamada Amazônia Legal.

Além dos Estados do Brasil, a Amazônia abrange partes dos territórios da Bolívia, do Peru, do Equador, da Colômbia, da Venezuela, da Guiana, do Suriname e da Guiana Francesa. É a chamada Amazônia Continental.

Trata-se de uma imensa floresta tropical pluvial, abrigando a Bacia Amazônica, a maior do mundo, com 1.100 afluentes. A bacia é formada por todos os rios e córregos que deságuam no Rio Amazonas. Embora seja algo mais complexo, é possível classificar a floresta em três tipos, de acordo com a distância e a influência dos cursos d'água:

Mata de terra firme: Mais distante dos cursos de água, compreende locais que não estão sujeitos a inundação.

Mata de Igapó: Por ser muito perto de rios, permanece inundada. A vegetação é totalmente adaptada.

Mata de várzea: Também sofre inundações, mas não são permanentes. Ocorrem durante as épocas de cheias dos rios.

Importância econômica
Além de abrigar imensa parcela de água doce do mundo e regular o regime de chuvas em todo o País, a floresta oferece rico estoque de castanhas, borracha e grãos. Segundo a Sudam – Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia –, há ainda grande importância econômica nas áreas de ecoturismo, piscicultura, fruticultura, pecuária, entre diversas outras atividades econômicas.

Ameaças
Extração ilegal de madeira, grilagem, agropecuária, biopirataria e tráfico de animais são alguns exemplos de ameaças a esse imenso tesouro tropical. É possível acessar o monitoramento de desmatamento pelo site do IPAM – Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia. Não se pode esquecer que, através do desmatamento e das queimadas, o carbono que compõe cerca de metade da biomassa florestal é liberado em forma de CO2, um gás de efeito estufa.

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Fonte: Sustentabilidade Allianz, por Paula Leme Warkentin, em 11 de dezembro de 2013 
http://sustentabilidade.allianz.com.br

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