sexta-feira, 28 de junho de 2013

Energia Solar

A usina de Tauá, localizada no sertão do Ceará, foi inaugurada em agosto de 2011 
e possui uma capacidade instalada de 1 MW, com 4.680 painéis fotovoltaicos. 
(Foto: Grupo EBX)

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Longe da liderança, Brasil passa a dar mais atenção à energia solar

A fonte é considerada a menos poluente e menos finita, mas ainda não tem participação significativa na matriz energética brasileira. Regulamentação para micro e minigeração distribuída é promessa para movimentar o setor.

Como pode uma das fontes de energia mais abundantes em nosso planeta ter uma participação tão pequena na matriz energética mundial? Mesmo apresentando um crescimento acelerado nos últimos anos, tendo a capacidade instalada em energia de fonte solar saltado de 40 para 70 gigawatts (GW) em 2011, segundo o estudo REN21, e para 100 GW em 2012, de acordo com a Associação Europeia de Indústria Fotovoltaica (EPIA), a energia solar ainda não consegue atingir o mesmo desempenho da energia eólica, por exemplo.

“A energia solar é a fonte de energia menos poluente e menos finita conhecida até o momento. Disponível para a humanidade desde o surgimento da vida na Terra, nunca foi aproveitada de forma tão eficiente quanto as demais, considerando-se que as outras fontes de energia renováveis sempre apresentam alguma desvantagem. Providenciar um sistema de suprimento de energia solar confiável é uma tarefa que encontra algumas dificuldades e certo grau de complexidade”, resume o engenheiro eletrônico Ricardo Aldabó Lopez em seu livro “Energia Solar para produção de eletricidade”, editado pela Artliber.

Globalmente, no entanto, vários países começam a se destacar com investimentos pesados no setor. Os Emirados Árabes Unidos, conhecidos pela produção de petróleo, acabam de inaugurar a maior usina de concentração solar do planeta, com capacidade de 100 megawatts (MW). A Índia planeja instalar 10 GW até 2017. Na Nicarágua, onde as fontes renováveis já ocupam 41% da matriz energética, o maior parque fotovoltaico da América Central, de 1,38 MW, foi inaugurado em fevereiro com investimentos vindos do Japão. Calcula-se que 1 MW seja o bastante para suprir o consumo de energia de 1.500 residências.

“O Brasil é o país com maior quantidade de radiação solar no mundo. O lugar menos ensolarado recebe 40% mais energia que o lugar mais ensolarado da Alemanha (maior produtor de energia solar mundial). O principal problema é o custo da energia solar no Brasil. Faltam políticas que incentivem a inovação tecnológica, que reflitam no desenvolvimento de um parque industrial nacional e no aumento da oferta de equipamentos solares”, afirma o coordenador da feira de negócios EnerSolar+ Brasil, Arthur Ribeiro.

Alguma iniciativas isoladas têm aparecido no cenário nacional. A MPX investiu R$ 10 milhões para ter, no Ceará, o primeiro empreendimento comercial brasileiro de geração de energia a partir do sol, com capacidade inicial de 1 MW. Uma parceria já anunciada com a GE permitirá a duplicação da capacidade da usina solar, que chegará a ter quase 7 mil painéis instalados.

Em Campinas, no Estado de São Paulo, a CPFL Energia inaugurou, no final de 2012, a Usina Tanquinho, com capacidade instalada de 1,1 MW para gerar aproximadamente 1,6 GWh/ano – o que, segundo a empresa, é suficiente para abastecer mensalmente 657 clientes com um consumo médio de 200 KWh/mês. O projeto foi viabilizado com investimento de R$ 13,8 milhões em pesquisa e desenvolvimento.

Micro e minigeração distribuída

De acordo com dados do relatório de fiscalização da Agência Nacional de Energia (Aneel), atualizado em dezembro de 2012, a capacidade instalada de energia solar no Brasil é de aproximadamente 7,5 MW, o que representa apenas 0,01% da matriz energética brasileira.

Espera-se, no entanto, que esse potencial cresça neste ano graças à regulamentação da micro (até 100 kW) e da minigeração (mais de 100 kW até 1 MW) de energia, que oficializa o consumidor como possível produtor de energia. A resolução 482/2012 permite que os brasileiros gerem energia, transfiram sua produção para a rede elétrica e, caso haja excedente, ganhem desconto na conta de luz pelo Sistema de Compensação de Energia.

O especialista da Superintendência de Regulação dos Serviços de Distribuição - SRD/Aneel, Daniel Vieira, explica que a geração distribuída, em que a energia elétrica é gerada próximo ao local de consumo ou na própria instalação consumidora, proporciona uma série de vantagens sobre a geração centralizada tradicional, economizando investimentos em transmissão, reduzindo as perdas nas redes e melhorando a qualidade do serviço de energia elétrica.

“A regra recém-aprovada aplica-se principalmente a geradores que utilizem fontes renováveis de energia (hídrica, solar, biomassa e eólica). Com isso, a Aneel espera oferecer melhores condições para o desenvolvimento sustentável do setor elétrico brasileiro”, afirma. A Agência pretende acompanhar de perto a adesão ao novo sistema, atualizando os dados sobre as Usinas Fotovoltaicas (UFVs) no Banco de Informações da Geração do Brasil. Os micro e minigeradores podem ser encontrados sob a classificação REG-RN482.

Todas as distribuidoras de energia devem estar preparadas para receber o pedido de instalação de micro ou minigeração distribuída, fazer a conexão ao sistema e o faturamento.

Como faço para ter eletricidade solar na minha casa?
Para estimular a construção de unidades residenciais de geração solar fotovoltaica, o Ideal (Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas na América Latina) lançou o Guia de Microgeradores Fotovoltaicos, um material didático para aqueles que pensam em instalar pequenos geradores de energia elétrica a partir do sol e não sabem por onde começar.

A cartilha online traz informações sobre o Sistema de Compensação de Energia, sobre como calcular a potência solar do local, um passo a passo para ter um sistema fotovoltaico e como desenvolver seu projeto de microgerador.

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Fonte: Allianz, por Marina Spirandelli, em 24/abril/2013

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