sexta-feira, 28 de junho de 2013

Construções Verdes

Estádio Mineirão, em Belo Horizonte, recebeu uma estrutura 
de placas fotovoltaicas em sua cobertura. 
(Foto: Marcus Desimoni/Portal da Copa)

.............................................................................................................................................

Sustentabilidade: um legado positivo da Copa do Mundo no Brasil

Certificação LEED, recomendada pela FIFA, sugere a criação de sistemas de abastecimento mais eficientes para os estádios do evento, entre outras exigências.

Em 2014, governantes e empresas esperam que o Brasil tenha não só mais futebol e turistas, mas também uma economia aquecida pelos altos investimentos em infraestrutura que uma Copa do Mundo exige. Para receber o evento, o país-sede deve respeitar uma série de demandas ditadas pela Federação Internacional de Futebol (FIFA), em sua maioria relacionadas às arenas do espetáculo.

O guia “Estádios de futebol: Exigências e recomendações técnicas”, editado pela Federação, chega à sua quinta edição bem mais detalhado e, pela primeira vez, com orientações relacionadas à sustentabilidade. Publicado após a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, o documento inclui recomendações do programa “Green Goal”, que tem como metas reduzir o consumo de água potável, evitar ou reduzir a emissão de resíduos, criar sistemas de abastecimento de energia mais eficientes e aumentar o uso do transporte público nos eventos promovidos pela FIFA.

A recomendação é que as edificações tenham o selo LEED (Leadership in Energy Efficient Design), sistema internacional de certificação e orientação ambiental desenvolvido pelo Green Building Council, nos Estados Unidos, e utilizado em 143 países. O guia da FIFA também aborda cuidados sobre a “compatibilidade ambiental do local do estádio” e as “relações com a comunidade” do entorno onde a obra ou reforma acontece.

Energia solar

Na categoria “Energia e atmosfera”, a certificação encoraja a eficiência energética por meio de estratégias simples como, por exemplo, simulações energéticas, medições e utilização de equipamentos e sistemas mais eficientes.

Entre as doze cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, algumas já saíram à frente em seus projetos de energia limpa. O estádio Governador Magalhães Pinto, o Mineirão, em Belo Horizonte, recebeu uma estrutura de placas fotovoltaicas em sua cobertura.

A Usina Solar Fotovoltaica (USF) do Mineirão, entregue em 17 de maio deste ano, tem potência instalada de 1,42 MWp, com cerca de 6 mil módulos fotovoltaicos. Toda a energia produzida será lançada na rede e 10% devem retornar ao estádio. O projeto faz parte de uma ação maior da Cemig, que pretende implantar uma USF também no ginásio Mineirinho. “Outra edificação que poderá receber uma usina solar fotovoltaica é o Aeroporto Internacional de Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte”, afirma o coordenador do Projeto Minas Solar 2014, Alexandre Heringer Lisboa.

A ideia de construir redes solares no entorno do estádio também está sendo implementada no Rio de Janeiro, com a construção do Polo Solar do Maracanã. Além da instalação de uma usina fotovoltaica no estádio do Maracanã, o projeto prevê estruturas também no Ginásio do Maracanãzinho, no Estádio de Atletismo Célio de Barros, no parque aquático Júlio de Lamare e na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). O objetivo é chegar a uma potência instalada de 5,2 MWp em todo o complexo.
A 19km do Recife, em São Lourenço da Mata, a Arena Pernambuco contará com fornecimento de energia solar a partir de julho deste ano. Com investimento de R$ 10 milhões, a Odebrecht Energia e o Grupo Neoenergia, holding que controla a Celpe, estão implantando uma usina solar fotovoltaica com 1 MWp de potência instalada, “o que equivale ao consumo médio de energia de 6 mil brasileiros”, segundo a assessora de eficiência energética do grupo, Ana Christina Romano Mascarenhas. “Estima-se que a usina solar, que faz parte de um projeto de pesquisa e desenvolvimento regulado pela Aneel, chegue a suprir 20% do consumo do estádio”, afirma Ana Christina.

Os painéis solares fotovoltaicos, que estão sendo instalados em um terreno de 14,5 mil m² ao lado da arena, irão entregar a energia diretamente ao sistema elétrico do estádio e enviar o excedente à rede de distribuição. “Além do aproveitamento de uma fonte renovável, os sistemas de geração solar reduzem perdas por transmissão e distribuição, uma vez que a energia é consumida no local em que é produzida”, completa a assessora do Grupo.

Resíduos, água e cobertura sustentável

Outra medida de sustentabilidade explorada pelas cidades-sede foi o reaproveitamento dos resíduos gerados pelas reformas de estádios. No Mineirão, onde as obras foram iniciadas em janeiro de 2010, houve reaproveitamento de 90% dos entulhos. O concreto foi destinado à pavimentação de ruas e as cadeiras foram redirecionadas para ginásios e estádios mineiros. O gramado foi reutilizado em um projeto de inclusão social do governo.

Já a Arena Fonte Nova, em Salvador, reutilizou 100% do concreto e do aço do antigo estádio. Também instalou sistemas para o reaproveitamento da água da chuva.

Mas o campeão da sustentabilidade talvez seja o Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, palco da abertura da Copa das Confederações neste ano. A arena pode ser a primeira no mundo a receber o selo Leed Platinum. Todo o material de demolição foi reaproveitado. As armaduras e os aços do antigo estádio foram destinadas a cooperativas de reciclagem e o concreto foi moído para compor os pisos do novo estádio. A água da chuva que cair sobre a cobertura será canalizada para reservatórios, filtrada e tratada. Poderá ser reutilizada nos vasos sanitários e na irrigação do campo, suprindo até 80% da demanda estimada.

A grande inovação, no entanto, está na membrana japonesa que reveste parte da cobertura do Mané Garrincha. Ela é capaz de isolar o calor, o que melhora a sensação térmica dentro da arena, e possui propriedades autolimpantes. Por meio do processo de fotocatálise, a membrana libera moléculas que dissolvem a sujeira decorrente da poluição do ar. As moléculas dissolvidas podem, então, ser lavadas naturalmente pela chuva.

 _______________________________

Fonte: Allianz, por Marina Spirandelli

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário