sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Estudo julga alarmista temor de extinção maciça de espécies

Bugio-marrom (Alouatta guariba guariba), macaco brasileiro sob risco de extinção: 
de acordo com o estudo, o número atual de cientistas trabalhando para identificar 
novas espécies é recorde | Wikimedia Commons

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Estudo reduziu as taxas de extinção de espécies a um quinto dos cálculos feitos anteriormente

Os temores de que a maior parte das espécies da Terra será extinta antes de ser descoberta pela ciência são "alarmistas", conclui um estudo internacional divulgado esta sexta-feira.

Cientistas começaram a examinar as estimativas segundo as quais haveria 100 milhões de espécies em todo o mundo e que elas estariam desaparecendo a uma taxa de 5% por década, o que significa que desapareceriam antes de os pesquisadores terem a chance de descobri-las.

Em artigo publicado na revista Science, cientistas de Nova Zelândia, Austrália e Grã-Bretanha informaram que os cálculos se baseiam em uma avaliação superestimada de quantas espécies ainda seriam desconhecidas.

Segundo eles, cerca de 1,5 milhão de espécies de animais e plantas já foram catalogados e modelos estatísticos demonstraram que o número total existente seria mais próximo dos 5 milhões do que dos 100 milhões.

O estudo, publicado nesta sexta-feira, também reduz as taxas de extinção a menos de 1% por década, um quinto do nível dos cálculos anteriores.

"Nossas descobertas são, potencialmente, uma boa notícia para a preservação da biodiversidade global", afirmou o principal autor da pesquisa, Mark Costello, da Universidade de Auckland.

"Superestimar o número de espécies na Terra é contraproducente porque pode fazer as tentativas de descobrir e preservar a biodiversidade parecerem desanimadoras. Nosso trabalho sugere que isto está longe da verdade", acrescentou.

Costello afirmou que o estudo reforça a previsão de que todas as espécies da Terra poderiam ser identificadas nos próximos 50 anos, particularmente porque o número de taxonomistas, cientistas que descrevem novas espécies, está aumentando.

"Nomear uma espécie dá reconhecimento formal à sua existência, tornando muito mais fácil a preservação", declarou o cientista.

No artigo, os estudiosos admitiram que a Terra está no meio de uma "fase de extinção em massa causada pelo homem", mas chegaram a conclusões mais otimistas sobre a biodiversidade do que outros cientistas, tais como aqueles da Academia de Ciências da Califórnia.

Em 2011, a academia informou que "apesar dos esforços intensivos para documentar a vida na Terra, os cientistas estimam que mais de 90% das espécies deste planeta ainda estão por ser descobertas".

"Frente à degradação e à perda de hábitat em larga escala, muitas destas espécies estão desaparecendo antes que nós sequer tomemos conhecimento de sua existência", acrescentou.
Costello e seus colegas afirmaram que todo encontro de biólogos ou conservacionistas não estaria completo sem que preocupações como estas sejam levantadas.

Mas eles afirmaram que o desenvolvimento da ciência em áreas biológicas relevantes, como a Ásia e a América do Sul, significa que mais cientistas do que nunca estão trabalhando para identificar novas espécies.

"Algumas pessoas se desesperam de que a maioria das espécies fique extinta antes de serem descobertas", destacou o estudo.

"Contudo, tais preocupações resultam de dados superestimados de quantas espécies podem existir, crenças de que o expertise em descrever espécies está decaindo e estimativas alarmistas de taxas de extinção", concluiu.


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Fonte: Exame.com, em 25/janeiro/2013



 


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