terça-feira, 28 de agosto de 2012

Fundo Climático Verde

África do Sul e Austrália assumem 
presidência da diretoria do
Fundo Climático Verde


O primeiro dia da reunião sobre a estruturação do Fundo Climático Verde, que promete distribuir US$ 100 bilhões anualmente para ações de adaptação e mitigação das mudanças climáticas, terminou com a escolha dos representantes da África do Sul e da Austrália como presidentes da diretoria.

Zaheer Fakir, do Departamento de Assuntos Ambientais sul-africano, e Ewen McDonald, vice-diretor da Agência Australiana de Desenvolvimento Internacional, devem agora organizar o restante do encontro para que seja possível alcançar o objetivo de estabelecer os processos decisórios internos do Fundo.

Como ainda não se debaterá a origem dos US$ 100 bilhões ou como eles vão ser distribuídos, a mais importante tarefa da dupla será alcançar um consenso de que como as decisões serão realizadas, em especial como o país-sede do Fundo será escolhido.

Alemanha, México, Namíbia, Polônia, Coreia do Sul e Suíça são os candidatos. Apesar de ser teoricamente apenas uma decisão logística, a escolha de um país rico ou emergente claramente carrega significados e a disputa está acirrada.

“Primeiro precisamos definir como será feita essa votação, depois, provavelmente em outra reunião, em outubro, faremos a eleição. A intenção é apresentar o resultado na Conferência do Clima (COP18) em Doha, no Catar, em novembro, para que todas as nações possam endossar a escolha”, afirmou Henning Wuester, do secretariado interino do Fundo, ao RTCC.

Apesar de ainda não ter divulgado resultados, a reunião desta semana já apresentou sua primeira polêmica.
Um relatório, produzido pelas ONGs Friends of the Earth, GAIA e IPS, traz o alerta de que o Fundo pode acabar sendo dominado por companhias e pelos governos doadores, fugindo assim de seu grande propósito de ajudar os mais vulneráveis.

“Já vimos isso no passado e não é uma imagem bonita: o dinheiro público, que supostamente deveria ir para os pobres do mundo, acaba sendo desviado para os bolsos de corporações multinacionais poluidoras”, afirmam os autores.

A principal razão para a desconfiança é a “cláusula de objeção” contida nas regras do Fundo. Segundo ela, qualquer membro da diretoria pode vetar a participação nas reuniões de entidades independentes que desejam monitorar a ferramenta.

“Trata-se de uma medida mal elaborada e que pode resultar em uma severa deterioração na integridade ambiental e social do Fundo”, ressaltam.

Segundo Janet Redman, do IPS, é preciso garantir que as atividades financiadas por recursos privados contidos no Fundo não sejam sujeitas a influência das companhias doadoras.

“O setor privado possui suas motivações, mas estas devem estar alinhadas aos interesses e prioridades das pessoas que estão sofrendo os impactos das mudanças climáticas”, disse.

A reunião sobre o Fundo Climático Verde terminou neste sábado (25).

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* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.
(CarbonoBrasil)

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