Comportamento & Moral
(Luiz Gonzaga de Souza)
Normalmente, trata-se o espiritismo como os seres humanos que estão
desencarnados, que vêm deixar mensagens ou estão atrapalhando a vida de alguém,
que estava tão bem com a saúde e de repente se encontra com aspecto lunático,
sem saber coordenar as suas ações como seres pensantes aqui no mundo. Visto por
esta forma, dissocia-o da relação com as árvores, os minerais e os animais, como
coisa que os seres humanos não tivessem nada a ver com tudo que os cerca; fossem
independentes do contexto energético que proporciona luz, perfume e beleza
fotográfica. Assim sendo, busca-se investigar o espiritismo frente ao sistema
ecológico do mundo, cujos elementos materiais, proporcionam o equilíbrio
necessário entre todos os seus participantes, quais sejam animados ou inanimados
e que estão interligados por sua afinidade.
Um primeiro ponto a colocar é quanto ao reino mineral, cujos fatores que
participam da formação do mundo, contribuem para assegurar um terço de matéria
sobre o planeta, como a terra, o ferro, o ouro, o diamante, as pedras, e muitos
outros componentes da natureza que proporcionam a sobrevivência do homem. Esses
elementos, aparentemente mortos, representam a importância maior da vida, visto
que, foi deste ente que surgiram os vermes, sustentaram as árvores, alimentaram
os peixes e fizeram ao longo dos tempos surgir o ser humano, mesmo no seu
nascedouro espiritual. O reino mineral constitui talvez o elementos primeiro
para a formação do homem, que depurou a energia que no futuro veio gerar uma
força pensante, que direcionasse os destinos de um planeta que se transformasse,
com as mudanças que o ser humano teria no transcorrer dos tempos.
Um segundo elemento a analisar é quanto ao reino vegetal, onde estão as plantas,
nas mais diversas qualidades, geradas dos componentes químicos que compõem a
terra, com sua complexidade de alimentação a todos os seres que nela habitam,
nas suas mais diversas formações, difíceis de explicar. Como se sabe, as
plantas, têm as suas mais diversas utilidades, gerando energias benéficas,
quando o verde de suas folhas alimenta as visões de quem necessita de uma
harmonização interior, através da beleza de sua estrutura, e a fortaleza de seus
galhos. As flores também executam o seu trabalho de cooperação para a
sobrevivência dos seres humanos, com o perfume de suas pétalas, as matizes de
seu complexo que embelezam, e fortalecem os corações deprimidos, que precisam de
algum exemplo de beleza e de encanto sublime.
Neste processo, tem-se uma ligação bem direta com as inferioridades dos
espíritos ainda pequenos, que precisam se transformar para poder acompanhar toda
uma trajetória de crescimento, rumo à perfeição pela limpeza do que ficou de
materialidade no perispírito de quem quer conseguir a perfeição. Quando se fala
de inferioridade dos espíritos, coloca-se pelo aspecto do não aprendizado, que
todo ser humano deve ter para conseguir o livre arbítrio e, consequentemente, o
poder de individualidade consciente do bem, e da lei do amor. Esta é mais uma
importância do reino mineral e vegetal para o ser humano, que possui sua energia
depurado, refinada, para usar em seguida no reino animal, para brotar a
inteligência que se apresenta como uma força bruta que se chama de instinto, daí
o determinismo de suas ações.
No reino animal, o ser humano inicia o uso de sua inteligência em forma de
instinto, buscando a sua sobrevivência, nas árvores, nas crateras, e no uso dos
próprios animais, no caso os mais fracos, pois com isto já se tem raiva,
ganância, luta pelo seu habitat e muitos outros meios de utilização individual,
ou de grupo. Nesta fase da evolução da humanidade, a inteligência já aparece nos
animais, mesmo que seja da forma instintiva, cujo raciocínio não aparece nos
momentos de luta para se manter, sobrevivendo aos ditames de quem lidera com
força e arrogância de seu poder. Com isto se ver que os animais estão associados
com os vegetais e os minerais que lhes dão apoio de manutenção, fazendo a
harmonia de tudo que o Criador maior deixou para que a humanidade utilizasse
para o seu progresso, e de todos ao mesmo tempo, indiscriminadamente.
Depois de todas as fases de nascer, morrer e sobreviver, chega-se à fase do
reino hominal, onde predomina o ser humano, que veio surgir, justamente da
energia que adveio de todos esses processos de evolução das supra inferioridades
que essas energias se submeteram para aportar no homem que usa o “raciocínio”. O
que se observa na fase hominal, é que muitos seres humanos ainda não saíram dos
momentos de instinto, cuja razão ainda não predomina e os impulsos de raiva, de
cólera, de estupidez serem a tônica dos instantes de animalidade que ainda
existem dentro dele. Sem dúvida, o homem muitas vezes tem demonstrado com
exemplo próprio a sua fase animal que ainda não se libertou, precisando de muito
esforço, para deixar a poeira de sua infantilidade, pois, verifica-se que é
muito difícil tal libertação, porque sua inferioridade não o deixa. O homem,
mesmo tendo o poder de raciocinar, sua inteligência já pronta para tal, na sua
fase inicial era quase um animal convencional, tendo em vista que não trabalhou
para poder raciocinar, ou usar a razão, tais quais alguns já podem utilizar nos
dias modernos, e são poucos os que estão utilizando essa condição. O raciocínio
consciente é um aprendizado que depende de múltiplas existências, ao tentar
descobrir os caminhos que se deve seguir com eficiência e isto decorre de muitos
erros e acertos, cujo princípio só erros, em seguida, organiza-se o pensamento e
aí aparece a verdade. O animal tradicional (irracional), não tem essa
flexibilidade de errar e conseguir a condição de pensar e melhor direcionar a
sua vida, é um elemento da natureza que veio cumprir determinado papel, porém
termina aí a sua participação efetiva.
Hoje em dia ainda existem irmãos, homens, que se comportam como se fossem, ou
estivessem em sua fase animal, dadas as condições comportamentais em que se
encontram, num momento de raiva, de impulsão instintiva, de cólera, cujo
instante, é a mesma coisa que está vendo um leão, um jerico, um tigre, ou outros
mais. Esse comportamento está presente nos impulsos pelo roubo ou furto; pelo
matar o seu irmão ou até mesmo os animais irracionais; por derrubar as matas sem
necessidade, adulterando o equilíbrio da natureza, que é o habitat próprio para
todos seus filhos. Tudo isto é muito comum no mundo atual, isto é século XX,
quase o XXI, cujo processo de aprendizado deu condições para que o ser humano
fosse melhor, usasse de maneira mais adequada o seu raciocínio, porém a sua
maneira de ser não deixou que isso acontecesse.
Além desse processo evolutivo de tudo que existe no mundo, tais como a fase
mineral, a vegetal, a animal e a hominal existe a relação entre todos eles, para
que todos cresçam em conjunto, dentro da harmonia que o Criador Maior designou
para que todos se amassem conjuntamente em busca da paz. O que se verifica, é
que cada fase teve seu instante de brutalidade maior, que foi se amaciando ao
longo do processo evolutivo, com o aprendizado inconsciente para o novo instante
de convivência com o atual reino que deveria surgir para participar do processo.
Nisto, a energia espiritual já está participando de maneira direta, clara e
objetiva na construção do mundo de hoje, já avançado, construindo um ambiente
que chega, cujos inferiores continuam sendo adestrados lentamente para conseguir
a sua libertação em busca da felicidade e da pureza.
Inegavelmente, a evolução de tudo, isto é, das diversas fases que existem no
mundo depende do comportamento do ser humano, que é o ser que raciocina, que
pensa para direcionar o progresso dos minerais, dos animais, das plantas, das
flores, das águas, das árvores, enfim de tudo que está à disposição do homem.
Como exemplo de tudo isto, têm-se alguns fatos que acontecem e que passam
despercebidos dos seres humanos, que são os vulcões em erupção, as enchentes, as
chuvas torrenciais, as catástrofes, são como se fossem revoltas contra aqueles
que têm condições de ajudar e não praticam. As condições de revolta são próprias
de seres inferiores e eles podem usar, porque é a sua maneira de ser e os
superiores aceitam tais como são, obviamente tentando ajudar para que eles
possam sair daquela situação de negritude destrutível.
Do mesmo modo que os espíritos inferiores, os superiores influenciam na
existência dos seres humanos, eles também exercem o mesmo efeito reflexivo nos
minerais, nos vegetais, nos animais e no próprio ser humano tanto para o lado do
bem como para o mal, pelo menos, em manutenção à condição de cada um em termos
evolutivos. No “Livro dos Espíritos” do prof. RIVAIL (1857) está bem clara esta
relação que existe entre todos que estão no planeta terra, que é caracterizado
como planeta de provas e expiações, as condições de inferioridade que ainda
existem em tudo que ele contém. Daí se tem o trabalho da espiritualidade com
relação à ecologia, ao ecossistema do planeta que necessita se melhorar com a
transformação da humanidade, que ainda caminha muito lentamente em busca de sua
limpeza espiritual, que é a meta de todos.
A destruição do planeta com as derrubadas das matas, com a pesca predatória, com
a busca de minerais valiosos aos olhos dos humanos, com a caça aos animais que
hoje estão em extinção, tudo isto faz parte das inferioridades humanas, frente
àqueles que precisam evoluir neste processo de limpeza compulsória para todos.
Isto condiz claramente com o ditado popular que tem fundo de verdade, que é o
mal por si se destrói. Não é que o Criador queira isto, porém é uma condição
natural para todos aqueles que não entendem o caminho da verdade e da vida, em
sua limpeza perispiritual. Assim sendo, tudo o que existe no mundo foi e é
criado pelo ser humano e pelas situação energética do planeta para que o
progresso de todos se processe de comum acordo com todos que precisam, diante de
suas condições, conseguir a sua verdadeira liberdade para a vida eterna.
Como se ver, não é do acaso que surgiram as seitas que louvam as florestas, ou
que fazem os seus trabalhos espirituais dentro das matas, como foi e é o caso
dos Druidas que tinham ou têm a sua forma na energização extraída dos fluidos
naturais, ou emanada das florestas como forma de melhorar a sua idiossincrasia
natural. Como é notório, os minerais como o ouro, a prata e o bronze também são
elementos de louvação a Deus, como alguns segmentos religiosos, isto significa
dizer que algo espiritual cerca o ambiente mineral ou vegetal como criações
divinas que precisam ser admiradas e preservadas como algo transcendental. Desta
forma, a ecologia tem a sua participação na evolução de tudo que Deus criou para
que todos vivessem em paz, pondo em prática o seu objetivo principal que é
descobrir o verdadeiro caminho que deve seguir para conseguir se encontrar com o
seu Criador um dia no futuro.
Hoje, não se pode dissociar a atuação dos espíritos da conjuntura do planeta
terra, tendo em vista que todos participam de um trabalho só, que é a
transformação para a pureza e tudo isto depende do homem, que é o único que
raciocina, que pensa, que tem inteligência para discernir o certo do errado já
aprendido. Sem a evolução do ser humano em procurar entender os meandros do
planeta e a sua relação com tudo que o cerca, sem esquecer, que primeiro
acontece a compreensão de seu interior para depois poder ajudar aos que não
compreenderam a sua situação neste contexto. Em suma, o espiritismo já está
também, nas entranhas de um mundo que ainda não sabe, com clareza, o
relacionamento de todos entre si, cujo Criador maior, proporciona sempre
condições para que se possa aprender o caminho da verdade e da vida para a
eternidade.
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