sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Conservação florestal rentável

O projeto REDD de proteção florestal não só evita o desmatamento, mas também cria novas oportunidades de trabalho para moradores locais, como, por exemplo, empregando-os como guardas-florestais. (Foto: Reuters)
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Um projeto no Parque Nacional Tsavo, no Quênia, mostra que proteção ambiental e tino para negócios não são mutuamente excludentes.

Até hoje, o valor de uma floresta era medido principalmente em termos do preço de sua madeira, porém a ONU está virando essa premissa de ponta-cabeça. O programa da ONU denominado Reducing Emissions from Deforestation and Degradation – REDD (redução de emissões por desmatamento e degradação) visa comprovar que manter uma floresta é mais lucrativo para todos os envolvidos do que derrubá-la.

Essa teoria está sendo testada atualmente em um projeto desenvolvido pela Wildlife Works Carbon (WWC), líder mundial em programas REDD. A área do projeto está situada no Corredor Kasigau, uma área com mais de 200 mil hectares que interliga os parques nacionais Tsavo Leste e Tsavo Oeste, no sul do Quênia. O local abriga numerosas espécies ameaçadas de extinção.


A proteção da área florestada evitará a liberação de 1,2 milhão de tonelada de CO2 por ano, e a venda dos respectivos certificados de emissão aportará 7,5 milhões de dólares anualmente. Essa renda irá beneficiar as comunidades vizinhas, onde o dinheiro será usado para criar empregos em pequenos negócios e no ecoturismo.

Está claro para os iniciadores do WCC que a proposta deles só será bem-sucedida no longo prazo se a proteção da floresta no Corredor Kasigau trouxer para as comunidades no seu entorno e seus 100 mil habitantes mais do que a sua destruição, além de fornecer alternativas para garantir a sua sobrevivência.

”O REDD trata de proteger as florestas contra as pessoas que as destroem por razões econômicas”, diz o fundador e CEO Mike Korchinsky. A criação de empregos é, portanto, uma das metas mais importantes dos projetos do WWC. “Nós criamos empregos para guardas-florestais, mecânicos, carpinteiros, pedreiros, motoristas e pessoal administrativo”, diz Korchinsky. “E nós financiamos a implantação de pequenos negócios, como uma confecção de roupas, uma instalação para produção sustentável de carvão e uma fábrica de sabão dentro da área do projeto”.


Contudo, o REDD não é apenas um projeto social e ecológico. “É uma classe de investimento cada vez mais atraente para investidores institucionais e, especialmente, para investidores financeiros”, explica Martin Ewald, gerente de investimentos na Allianz Climate Solutions (ACS). Graças ao seu horizonte de investimento de longo prazo e às suas implicações sociais, a demanda por investimentos sustentáveis aumentou consideravelmente nos últimos anos, diz Ewald, convencido de que essa tendência veio para ficar.


Sobre o REDD

O programa das Nações Unidas intitulado REDD (sigla em inglês para Reducing Emissions from Deforestation and Degradation – redução de emissões por desmatamento e degradação) foi estabelecido em setembro de 2008 para ajudar países em desenvolvimento a implementar medidas de conservação florestal e mitigar a ameaça da mudança climática.

A ideia por trás do modelo do REDD é simples: florestas são depósitos de carbono e, se elas são cortadas, o carbono é liberado. Hoje, 17% dos gases de efeito estufa produzidos pelo homem no mundo todo são causados por desmatamento. O REDD atribui um valor monetário ao carbono armazenado nas árvores e no solo da floresta. Protegendo a floresta, o CO2 que fica retido pode ser negociado sob a forma de certificados de emissão de CO2.


Todos deverão se beneficiar com isso: as empresas poderão neutralizar sua pegada de carbono, as florestas ameaçadas pela extração ilegal de madeira e pelo uso excessivo da terra continuarão a atuar como depósitos de carbono e a população local terá oportunidades de desenvolvimento sustentável.


O projeto WWC no Quênia foi o primeiro projeto REDD no mundo a atender às rígidas normas para emissão de certificados de redução de CO2. A Wildlife Works tem planos para mais projetos na África, na América Latina e no Sudeste Asiático.
 
 

Fonte: Allianz, em 08/agosto/2012, por Frank Stern
 

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